Heiny Harold Diesel
Verônica Bender Haydu
Tudo que é aprendido pode ser
esquecido. Cada nome, endereço ou senha que exige que algo seja lembrado contém
nessa própria condição a possibilidade de que algo seja esquecido. Dentro de um
contexto cotidiano, talvez a consequência de esquecer um nome, localização ou
outra trivialidade nem se note, em outros contextos o esquecimento pode ser até
benéfico, já para um contexto jurídico esquecer de algo pode não ser uma boa.
Esse tema é certamente um assunto que interessa a muitos e impulsiona vários
campos de pesquisa, como tem ocorrido desde Ebbinghaus (1885) ao estudar
memória de longo prazo até autores da Análise do Comportamento como Catania
(1984) ao propor propostas interessantes de estudos de memória. O esquecimento
é um fenômeno do nosso cotidiano e compreender seu funcionamento parece ser uma
tarefa importante uma vez que a depender do contexto, consequências diferentes
o seguem.
É tentador atribuir
características negativas para o esquecimento já que esquecimento em demasia
realmente pode ser um problema. Porém lembrar em excesso também pode gerar
complicações. Um indivíduo com capacidade de lembrar segundo a segundo do que
viveu em um dia, talvez levaria um dia inteiro para lembrar o que aconteceu no
dia anterior, caso se engajasse nessa tarefa. Abstrair, organizar, categorizar
e até mesmo esquecer, são condições que favorecem que o indivíduo fique sobre
controle de eventos presentes, atuais e até futuros. Como lembrar que seu
aniversário está chegando e programar algo divertido com pessoas que você
gosta. Outros possíveis benefícios do esquecer podem estar relacionados com a
economia cognitiva e a adaptação ao meio em que o indivíduo vive (Izquierdo,
2006).
Afinal, esquecer é ou não um
problema? Para responder essa pergunta talvez seja necessário a utilização de
um dos mais clássicos jargões: Depende. Não parece correto imputar de pronto
aspectos negativos e apenas esses, quando tratamos do esquecer. Parece
necessário olhar para a relação entre o que é esquecido e as consequências
(individuais, sociais entre outros aspectos). É quase certo, a não ser que algo
tenha sido esquecido entre o começo, o desenvolvimento e a finalização deste
material que a aparente ausência de resposta “sim” e “não” sobre a pergunta
contida no título esteja mais para um exercício de raciocínio livre do que para
um esquecimento corriqueiro.
Referências
Ebbinghaus, H. (1885/1962).
Memory: A contribution to experimental
psychology. New York: Dover.
Catania, A. C. Aprendizagem: comportamento, linguagem e cognição. Artmed, Porto
Alegre, 1999.
Izquierdo I. Memória. Porto Alegre:
ArtMed, 2006.
Nenhum comentário:
Postar um comentário