segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Por que deixamos para fazer nossas atividades na última hora?




Shimeny Michelato Yoshiy
Verônica Bender Haydu
Nádia Kienen

Segunda-feira começo minha dieta, amanhã agendo minha consulta, mais tarde faço o trabalho da faculdade, preciso declarar meu imposto de renda hoje. O comportamento de procrastinar é agir de modo a adiar ou interromper as tarefas ou compromissos, deixar de fazer algo por diferentes motivos. É comum adiar atividades acadêmicas, afazeres do cotidiano e até cuidados médicos. Deixar tarefas ou decisões para a última hora nem sempre é ruim, pode-se optar por fazer ou decidir algo depois para priorizar algo mais urgente. No entanto, quando deixar para depois gera prejuízos emocionais, como ansiedade, estresse ou até perdas financeiras, torna-se um problema para o indivíduo e para os que estão a sua volta. Compreender os motivos que levam à procrastinação favorece a elaboração de estratégias para procrastinar menos.
            Uma das principais razões do comportamento de procrastinar em geral é a escolha por fazer algo que se gosta ao invés de fazer algo desagradável ou difícil. Realizar trabalhos escolares e estudar para provas podem ser facilmente adiados por várias razões, tais como dificuldade com o conteúdo, falta de clareza de como realizar as atividades e falta de feedback durante o processo de execução das partes que compõem a atividade. Tomar decisões importantes relativas ao trabalho, finanças ou família, por exemplo, tendem a ser evitadas por baixa tolerância à frustração, dificuldade de lidar com consequências desagradáveis ou medo de errar.
Outros fatores necessitam ser considerados para compreender o ato de procrastinar: a história de vida do indivíduo em relação a isso e o contexto presente quando tarefas são adiadas. A história de vida deve ser considerada uma vez que procrastinar é um comportamento aprendido como qualquer outro (comer, andar, escrever). E o contexto presente considera a situação em que o comportamento ocorre (lugar, pessoas envolvidas ou não, etc.), bem como as consequências que o individuo produz ao se comportar de uma determinada forma. Assim, pode-se procrastinar em algumas situações e em outras não.
            Quando a procrastinação torna-se um problema para o indivíduo, as razões para procrastinar são únicas para cada um, de modo semelhante às estratégias para lidar com este problema também. Não existe uma fórmula mágica para deixar de procrastinar, no entanto, algumas estratégias podem ser consideradas: atividades escolares ou trabalhos complexos podem ser divididos em partes menores para facilitar a execução; recompensar sem exageros (elogios ou algo material) ao concluir uma tarefa; utilizar recursos (agenda, lembrete) para auxiliar no cumprimento das tarefas, são alguns exemplos.
O autocontrole é um comportamento que pode ser utilizado como estratégia para lidar com a procrastinação: agir a partir da avalição das consequências imediatas e de longo prazo de nossas ações. Desse modo, o indivíduo deve ponderar sobre os efeitos que adiar a tarefa ou decisão podem gerar: estudar para uma prova de última hora pode aumentar a chance de tirar nota baixa; deixar de fazer exames preventivos pode diminuir a chance de descobrir uma doença grave em tempo para tratá-la.
Conhecer as razões que levam a “deixar para depois” requer autoconhecimento: identificar o que se tem prazer ou não em fazer, conhecer a própria história de vida, o contexto atual em que o adiamento de tarefas ocorre. A partir desses elementos é possível avaliar a extensão dos efeitos negativos da procrastinação e elaborar estratégias e alternativas para lidar com esse problema de acordo com as características de cada um.

Referências

Banaco, R. Programa Sem Censura – TV Brasil. Exibido em: 30/07/2012. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=JL2VFZ39q-Q.

Hamasaki, E. I. de M., & Kerbauy, R. R. (2001). Será o comportamento de procrastinar um problema de saúde? Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 3(2), 35-40.

Nenhum comentário:

Postar um comentário