segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Feedback em vídeo na performance esportiva: é possível aumentar o rendimento de seu atleta?




Matheus Rodrigues de Carvalho Elias
Silvia Regina de Souza
Verônica Bender Haydu

O feedback em vídeo pode ser um recurso poderoso para treinadores e psicólogos. Assim como em diversas áreas, no esporte, ferramentas são necessárias para melhorar ou controlar comportamentos. O feedback em vídeo é uma dessas ferramentas que tem como principal objetivo melhorar aspectos técnico e tático, como um determinado movimento motor ou uma combinação de jogadas. Durante o procedimento de feedback em vídeo, mostra-se ao atleta imagens do seu desempenho em treinamento ou jogos oficiais e é recomendado a ele que preste atenção em certas deixas ambientais. Por exemplo, posições técnicas específicas e situações que possam indicar a configuração tática da equipe adversária. Além disto, em alguns casos como correções de gestos técnicos, é importante que seja dada a oportunidade ao atleta de treinar os comportamentos observados após o feedback. O uso de feedback em vídeo no treinamento de atletas pode contribuir para o aumento da performance: basta aplica-lo corretamente.

Como usar o feedback em vídeo de forma correta? Primeiro é necessário estar embasado em teorias que fundamentem a seleção de estratégias adequadas ao objetivo de ensino, tal como a ciência da Análise do Comportamento. Essa ciência é constituída por leis, princípios e conceitos que, ao serem aplicados ao esporte, oferecem um conjunto de procedimentos capazes de desenvolver aspectos técnicos e táticos no contexto de treino e jogos. Por exemplo, quando o vídeo é apresentado ao atleta, discutem-se situações que poderiam ser modificadas, como o momento correto de executar determinada técnica. O objetivo é que o atleta se torne capaz de reconhecer as situações em que deva usar essa técnica, isto é, que seja estabelecido o controle de estímulos. Essa função se caracteriza pelo estabelecimento de relações entre estímulos, respostas e as consequências das repostas. Respostas que foram reforçadas na presença de determinado estímulo e não foram reforçadas na presença de outro estímulo tendem a ocorrer com frequência maior na presença do estímulo que esteve presente quando a resposta foi reforçada. 
Que outros princípios da Análise do Comportamento estão implicados no uso de feedback em vídeo? Suponhamos que em vez de identificar o momento correto de se utilizar determinada técnica, seja preciso corrigir o gesto motor. Nesse caso, o treinador pode utilizar o procedimento de modelação e mostrar uma filmagem de um jogador especialista realizando a técnica de forma correta, identificando o que precisa ser corrigido. Por exemplo, se a alavanca dos braços no ataque do voleibol não está sendo feita corretamente, o treinador poderá mostrar uma filmagem dessa técnica, sendo realizada de forma correta para que o atleta possa imitá-lo. Em outra sessão com o feedback em vídeo, caso o mesmo atleta apresente melhora na execução da técnica que foi corrigida anteriormente, o técnico poderá mostrar no vídeo essa evolução, apontando e elogiando os acertos. Ele poderá apresentar verbalizações como: “Agora sim a alavanca do braço foi feita de forma correta, os cotovelos estão semiflexionados. Parabéns foi um ótimo ataque!”. Espera-se que os comportamentos seguidos de elogios ocorram novamente.
Quando se faz uso de recursos como o de feedback em vídeo, estar embasado na ciência da Análise do Comportamento pode contribuir para um melhor resultado. Os conceitos dessa ciência fornecem ao treinador base teórica para fortalecer comportamentos desejados ou eliminar comportamentos técnico e tático indesejados. O treinador por meio do vídeo pode modelar e apresentar modelos de como executar determinada técnica, aumentando a probabilidade de a resposta ser reforçada pelo acerto e se manter. O uso de vídeo enquanto ferramenta para dar feedback ao atleta sobre sua performance pode ser um bom aliado. Cabe ao treinador conhecer as potencialidades dessa ferramenta e usa-la para melhorar o desempenho de seus atletas, conforme apontou Martin (2001).


Referência

Martin, G. L. (2001). Consultoria em Psicologia do esporte: orientações Práticas em Análise do Comportamento. Campinas: Instituto de Análise do Comportamento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário