sábado, 5 de novembro de 2016

Não matarás. Não adulterarás. Não furtarás.




Gabriel Paes de Barros Gonçalves
Camila Muchon de Melo
Verônica Bender Haydu 
 
Recompensas são prometidas para quem seguir esses e outros mandamentos bíblicos, enquanto punições são prometidas para quem decidir desobedecê-los: “Quem ferir alguém, de modo que esse morra, certamente será morto”. Essa é apenas uma forma de atribuir responsabilidade a alguém pelos seus atos. Mas por que responsabilizamos as pessoas? A resposta parece óbvia: porque as pessoas sabem o que é certo e o que é errado, conhecem o bem e também o mal, então sabem o que podem e o que deveriam fazer. Na visão da Análise do Comportamento, entretanto, a explicação segue um caminho diferente e é dele que vamos tratar adiante.
É possível dizer que a sociedade dá valor às coisas de acordo com o potencial reforçador que elas têm em cada contexto. Desvio de dinheiro público, por exemplo, é crime. Nesse contexto, é esperado que os políticos apliquem o dinheiro em ações que beneficiem os cidadãos; em outras palavras, é o que a sociedade reforça, é o que a sociedade quer manter e, portanto, é o certo. Diferentes sistemas políticos têm diferentes normas, assim como diferentes religiões têm seus próprios princípios. Nós, enquanto pertencentes a um grupo, tendemos a agir de acordo com tais valores, mesmo quando não sabemos descrevê-los. Dizemos, então, que existe uma relação de controle do grupo sobre o indivíduo que se comporta.
Assim como os valores, o modo como pensamos sobre responsabilidade também varia de acordo com o contexto. Alguns grupos podem achar certo amarrar um assaltante no poste e agredi-lo em nome de um bem, enquanto outros podem olhar para a mesma situação e dizer que isso é errado. Não há nenhum comportamento bom ou ruim, em si, o que existem são valores que as pessoas atribuem, são formas de responsabilizar.
Saber que a sociedade em que estamos determina nossos valores e como devemos pensar a respeito do que acontece no mundo pode parecer um pouco desesperador. Perceber que diferentes possibilidades de entender o certo e errado existem e que a maneira como olhamos para as atitudes das pessoas e as responsabilizamos, entretanto, é uma oportunidade de revermos esses valores, fortalece-los ou mudá-los de maneira que o nosso bem possa também ser o bem de nossa sociedade, de nossa cultura.

Saiba mais sobre os valores de uma cultura em: Skinner B. F. (1973). Valores. Em O mito da liberdade (p. 83-102). 2° ed. Rio de Janeiro: Edições Bloch. (Trabalho original publicado em 1971).

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