quinta-feira, 10 de novembro de 2016

OLHE PARA BAIXO! NÃO TENHA MEDO!



Marcos Cavalheiro de Oliveira
Verônica Bender Haydu

O medo de altura (acrofobia) pode prejudicar de forma significativa a vida das pessoas, principalmente aquelas que vivem nos grandes centros urbanos. Algumas classes de comportamento são essenciais ou até mesmo necessárias como: usar elevadores, subir escadas, viajar de avião etc. Esses lugares geralmente são evitados pelas pessoas que possuem esse tipo de medo ou fobia. Um dos recursos que pode ser utilizado como suporte por terapeutas no tratamento desse tipo de medo é a Realidade Virtual. O avanço dessa tecnologia que pode simular o ambiente temido, aliado às técnicas próprias do tratamento psicoterápico promete um futuro promissor, beneficiando não só os clientes, mas também os terapeutas.  
O tratamento de medos e fobias mais comum utilizado pelos profissionais é a exposição in vivo com bloqueio de esquiva. Esse tratamento é baseado em um princípio bem conhecido no meio cientifico, de que a pessoa que tem medo pode ser exposta pelo terapeuta de forma gradual e planejada a uma sequência de estímulos que causam medo, essa exposição repetida aos estímulos com a intensidade correta leva à extinção das repostas reflexas condicionais e à extinção das repostas de esquiva, ocorrendo um decréscimo do medo ao longo de algumas sessões.
O tratamento tem se mostrado muito eficiente, mas ainda tem algumas limitações. Ao expor a pessoa ao ambiente temido, o terapeuta não tem controle total sobre esse ambiente, dificultando a forma de exposição gradual, podendo ocorrer incidentes com a pessoa exposta ou com o próprio processo terapêutico. Outros fatores são o custo de deslocamento, o tempo dedicado à realização de todo o processo.
Essas dificuldades podem ser superadas ou amenizadas com o uso da Realidade Virtual. Por meio desse recurso, o terapeuta pode expor os clientes aos ambientes que eles mais temem, simulados dentro do próprio consultório, preparando-o para uma futura exposição no ambiente não virtual. O terapeuta pode controlar as variáveis envolvidas no ambiente em que o cliente está inserido, isso diminui o risco de surgir situações que podem atrapalhar o processo terapêutico, a forma de exposição pode ser mais bem controlada e as consequências da exposição podem ser medidas com maior acurácia. O fato de o cliente saber que o ambiente é virtual, facilita um enfrentamento inicial, a imersão ao ambiente possibilitada pela tecnologia o faz se sentir presente na situação simulada, e se comportar de modo muito semelhante como ele se comportaria se estivesse no ambiente não virtual, A diferença é que agora isso ocorre, sob o olhar cuidadoso do terapeuta e com mais segurança.
O que há alguns anos era visto apenas em filmes de ficção cientifica, hoje está se tornando realidade. Ainda há um longo caminho a percorrer, o processo terapêutico como um todo, a usabilidade da tecnologia, os efeitos terapêuticos decorrentes da exposição devem ser cuidadosamente estudados. Algumas pesquisas já estão sendo realizadas na Universidade Estadual de Londrina, a participação dos projetos de pesquisas é gratuita. Então, se você é uma dessas pessoas que tem medo de altura, essa é uma boa oportunidade.  “Bora” olhar para baixo?

Saiba mais a respeito do assunto acessando:


Barbosa, J. I. C., & Lima, L. S. (2014). Terapia de exposição ao estímulo fóbico com o uso de realidade virtual: uma revisão bibliográfica. In N. B. Borges, L. F. G. Aureliano & J. L. Leonardi (Orgs.), Comportamento em Foco (vol. 4, pp. 73-82). São Paulo: ABPMC. Acesso em: http://abpmc.org.br/arquivos/publicacoes/1411068729e85fb38db.pdf

Haydu, V. B.; Zacarin, M. R. J. ; Borloti, E. B. ; Haydu, N. B. (2014). Aplicações educacionais e psicoterapêuticas da realidade virtual e da realidade aumentada. Anais do V Congresso de Psicologia da UEL e da II Oficina do Pró-Saúde III: temas emergentes na psicologia, diferentes perspectivas. (pp. 11-26). Londrina: UEL. Acesso em: https://www.researchgate.net/publication/309765136_Aplicacoes_educacionais_e_psicoterapeuticas_da_realidade_virtual_e_da_realidade_aumentada


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