Marcos Cavalheiro de Oliveira
Verônica Bender Haydu
O medo de altura
(acrofobia) pode prejudicar de forma significativa a vida das pessoas, principalmente
aquelas que vivem nos grandes centros urbanos. Algumas classes de comportamento
são essenciais ou até mesmo necessárias como: usar elevadores, subir escadas, viajar
de avião etc. Esses lugares geralmente são evitados pelas pessoas que possuem
esse tipo de medo ou fobia. Um dos recursos que pode ser utilizado como suporte
por terapeutas no tratamento desse tipo de medo é a Realidade Virtual. O avanço
dessa tecnologia que pode simular o ambiente temido, aliado às técnicas próprias
do tratamento psicoterápico promete um futuro promissor, beneficiando não só os
clientes, mas também os terapeutas.
O tratamento de medos e
fobias mais comum utilizado pelos profissionais é a exposição in vivo com bloqueio de esquiva. Esse
tratamento é baseado em um princípio bem conhecido no meio cientifico, de que a
pessoa que tem medo pode ser exposta pelo terapeuta de forma gradual e
planejada a uma sequência de estímulos que causam medo, essa exposição
repetida aos
estímulos com a intensidade correta leva à extinção das repostas
reflexas condicionais e à extinção das repostas de esquiva, ocorrendo um
decréscimo do medo ao longo de algumas sessões.
O tratamento tem se
mostrado muito eficiente, mas ainda tem algumas limitações. Ao expor a pessoa
ao ambiente temido, o terapeuta não tem controle total sobre esse ambiente, dificultando
a forma de exposição gradual, podendo ocorrer incidentes com a pessoa exposta
ou com o próprio processo terapêutico. Outros fatores são o custo de
deslocamento, o tempo dedicado à realização de todo o processo.
Essas dificuldades podem
ser superadas ou amenizadas com o uso da Realidade Virtual. Por meio desse
recurso, o terapeuta pode expor os clientes aos ambientes que eles mais temem, simulados
dentro do próprio consultório, preparando-o para uma futura exposição no
ambiente não virtual. O terapeuta pode controlar as variáveis envolvidas no
ambiente em que o cliente está inserido, isso diminui o risco de surgir
situações que podem atrapalhar o processo terapêutico, a forma de exposição
pode ser mais bem controlada e as consequências da exposição podem ser medidas
com maior acurácia. O fato de o cliente saber que o ambiente é virtual, facilita
um enfrentamento inicial, a imersão ao ambiente possibilitada pela tecnologia o
faz se sentir presente na situação simulada, e se comportar de modo muito
semelhante como ele se comportaria se estivesse no ambiente não virtual, A
diferença é que agora isso ocorre, sob o olhar cuidadoso do terapeuta e com
mais segurança.
O que há alguns anos era visto
apenas em filmes de ficção cientifica, hoje está se tornando realidade. Ainda
há um longo caminho a percorrer, o processo terapêutico como um todo, a
usabilidade da tecnologia, os efeitos terapêuticos decorrentes da exposição
devem ser cuidadosamente estudados. Algumas pesquisas já estão sendo realizadas
na Universidade Estadual de Londrina, a participação dos projetos de pesquisas
é gratuita. Então, se você é uma dessas pessoas que tem medo de altura, essa é
uma boa oportunidade. “Bora” olhar para
baixo?
Saiba mais a respeito do assunto acessando:
Barbosa,
J. I. C., & Lima, L. S. (2014). Terapia de exposição ao estímulo fóbico com
o uso de realidade virtual: uma revisão bibliográfica. In N. B. Borges, L. F.
G. Aureliano & J. L. Leonardi (Orgs.), Comportamento em Foco (vol.
4, pp. 73-82). São Paulo: ABPMC. Acesso em:
http://abpmc.org.br/arquivos/publicacoes/1411068729e85fb38db.pdf
Haydu, V. B.; Zacarin, M. R. J. ; Borloti, E. B. ; Haydu,
N. B. (2014). Aplicações educacionais e psicoterapêuticas da
realidade virtual e da realidade aumentada. Anais
do V Congresso de Psicologia da UEL e da II Oficina do Pró-Saúde III: temas
emergentes na psicologia, diferentes perspectivas. (pp. 11-26). Londrina:
UEL. Acesso em: https://www.researchgate.net/publication/309765136_Aplicacoes_educacionais_e_psicoterapeuticas_da_realidade_virtual_e_da_realidade_aumentada
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