sábado, 8 de dezembro de 2018

Porque é tão difícil gerenciar o tempo?




Edneli Natália Ferreira da Costa
Nádia Kienen

Há quem diga que o tempo passa muito rápido. Outros, que precisam de mais tempo. Alguns, ainda, que não têm tempo para nada. Mas a verdade é que todos nós temos a mesma quantidade de tempo que passa na mesma velocidade. Eu, você, seu chefe, sua filha e o Presidente da República temos 24 horas, 1140 minutos e 86400 segundos por dia. Mas então, porque será que é tão difícil lidar com o tempo?
Quando falamos de gerenciamento de tempo, na realidade estamos nos referindo ao gerenciamento das atividades que iremos realizar ao longo do tempo. E para isso, precisamos ser capazes de fazer muitas coisas. “Gerir” o tempo, uma equipe, uma empresa ou qualquer outra coisa, não descreve apenas um comportamento, mas um conjunto de comportamentos complexos.
 Antes mesmo de planejar nossas atividades, precisamos saber quanto tempo levaremos para realizar cada uma, quais tarefas são minhas prioridades e quais fatores poderão interferir na realização dessas tarefas.... Tudo isso está relacionado ao autoconhecimento. Na visão da Análise do Comportamento, autoconhecimento indica a capacidade de descrever seus próprios comportamentos, isto é, ter consciência de como provavelmente eu irei me comportar diante de determinada situação. O conhecimento do próprio comportamento nos permite prever como iremos agir e então, controlar o nosso comportamento, o que é essencial quando precisamos planejar e executar as tarefas, por exemplo.
Por falar em controle, esse é um aspecto fundamental na gestão do tempo. Uma das principais queixas é que as pessoas não são produtivas porque procrastinam, ou seja, apresentam dificuldade de iniciar ou finalizar as tarefas ou evitar atividades que causam distração. Para evitar a procrastinação é necessário que tenhamos disciplina e capacidade de nos manter focados, o que está relacionado ao autocontrole. Falamos anteriormente que quando nos conhecemos conseguimos identificar quais variáveis influenciam nosso comportamento, certo? A partir disso, podemos realizar modificações no ambiente de forma que aumente a chance de realização da atividade planejada. Por exemplo, se eu sei que as notificações do celular são uma distração e que, provavelmente, quando a tela do celular acender, existe grande chance de eu parar de fazer o que estava fazendo e “gastar” um bom tempo interagindo nas redes sociais, eu posso simplesmente deixar o celular em outro ambiente ou desligar o Wi-Fi por um período.
Mas claro que você precisa escolher qual atividade você precisa realizar ou não, ou pelo menos, qual delas é a mais importante ou mais urgente para você. Esse é o processo de priorização, que envolve tomar uma decisão do que fazer e do que não fazer num determinado período de tempo. Para essa avaliação, podemos pensar nas consequências das nossas ações. O que pode acontecer seu eu deixar de fazer isso? Qual o resultado da realização dessa tarefa? Quais das tarefas me trarão melhores resultados?
Enfim, poderíamos gastar muito tempo do nosso dia escrevendo sobre gestão do tempo e todos os comportamentos envolvidos nesse fenômeno. O lado bom é que todo comportamento é aprendido, o que significa que ainda dá tempo de aprendermos a ser mais produtivos. Comece observando seu próprio comportamento, calculando quanto tempo você gasta em cada atividade, o que faz você se distrair com mais facilidade e o que acontece depois de cada uma dessas coisas. Tenho certeza que você fará descobertas incríveis!

Sugestão de Leitura Complementar:

Nico, Y. C. (2001). O que é autocontrole, tomada de decisão e resolução de problemas na perspectiva de B. F. Skinner. In H. J. Guilhrad (Org.). Sobre comportamento e cognição: Expondo a variabilidade (pp. 62-70). Santo André, SP: ESETec Editores Associados.

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