Fernanda
Torres Sahão
Nádia
Kienen
“Passei
no vestibular! Agora é só alegria”, disse o calouro, em meio a risadas e
expressões de “dó” dos amigos e familiares que já passaram pela universidade. O
sofrimento vivido nesse contexto, apesar de algumas vezes levado na
brincadeira, vem sendo fonte de preocupações e cada vez mais recorrente no meio
universitário. Sobrecarga de atividades, assuntos mais complexos e exigência de
desenvolvimento de um novo repertório para lidar com tudo isso são fatores presentes
na sua vida, não são? Você passa a maior parte do seu tempo nesse contexto,
precisando conciliar aspectos da sua vida pessoal com os desafios da formação
profissional. As experiências vividas na universidade têm grande impacto na sua
qualidade de vida, dentro e fora desse contexto.
A
qualidade de vida dos estudantes vem sendo alvo de reportagens, estudos
empíricos e teóricos, e foco de intervenção, tanto no Brasil quanto em outros
países do mundo. Constata-se um aumento na frequência de distúrbios de
comportamento na população universitária, especialmente em relação aos níveis
de estresse, ansiedade e depressão (Padovani et al., 2014). Além disso, o tema
tem sido amplamente discutido e até polemizado nas redes sociais, com
estudantes alertando para o custo de estar na universidade, a pressão sentida e
o sofrimento causado pelas demandas, além da rotina exaustiva vivenciada.
Não
é possível separar as experiências vividas na universidade de outros aspectos
da sua vida fora do contexto universitário, considerando o tempo que você passa
nesse ambiente e as interações sociais que você estabelece. Para entendermos a
complexidade da adaptação acadêmica, precisamos considerar pelo menos cinco
dimensões da vida do estudante (Almeida, Soares, & Ferreira, 2002): (1) a
dimensão pessoal (ajustamento psicológico e bem-estar geral), (2) interpessoal
(nível de integração com amigos e percepção de apoio), (3) carreira (decisão e
satisfação com a escolha), (4) estudo (nível de organização e compromisso com
estudo) e (5) institucional (satisfação e vínculo com a instituição).
Alguns
aspectos comuns que estão relacionados a essas dimensões são: desempenho
acadêmico, gestão do tempo, autonomia, administração dos recursos financeiros,
problemas com professores e colegas, ajustamento a novas regras, assumir novas
responsabilidades, lidar com tarefas acadêmicas mais exigentes e expectativas
com o mundo do trabalho. Isso tudo lhe parece familiar? O que é possível fazer
para lidar com tantos fatores que, aparentemente, podem parecer fora do seu
alcance? Será que há uma luz no fim do túnel?
Respondendo
a essas perguntas, alguns autores apresentam sugestões que podem facilitar a
sua vida na universidade, como: (a) buscar informações sobre as oportunidades
oferecidas pela universidade (tanto atividades acadêmicas quanto atividades que
promovam a socialização); (b) comprometer-se com a vida acadêmica, pois
desenvolver-se intelectualmente pode auxiliar na adaptação; (c) organizar o seu
tempo, de modo a planejar momentos não só de estudo, mas também para lazer; (c)
realizar atividades que estejam de acordo com seus objetivos profissionais; (d)
procurar professores, colegas, funcionários caso esteja precisando de
informações, ajuda ou mesmo de um ombro amigo! Ter uma rede de apoio é imprescindível
para levar uma vida mais satisfatória na universidade. Lembre-se: você não está
sozinho nessa! Caso esteja passando por momentos de sofrimento intensos,
procure a clínica psicológica da universidade, ou busque informações sobre
locais que oferecem esse tipo de serviço.
E então... será
que é possível ser feliz na universidade? O túnel pode ser um pouco longo,
escuro e com alguns obstáculos. Mas, com um pouco de ajuda, podemos agir de
modo a abrir algumas frestas nesse caminho, enfrentar os obstáculos e ver a luz
não só no fim do túnel, mas durante todo o percurso!
Referências
Almeida, L. S., Soares, A. Paula C., & Ferreira, J. A. (2002).
Questionário de vivências acadêmicas (QVA-r): avaliação do ajustamento dos
estudantes universitários. Avaliação Psicológica, 1(2),
81-93. Recuperado de: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-04712002000200002&lng=pt&tlng=pt
Padovani,
R. C., Neufeld, C. B., Maltoni, J., Barbosa, L. N. F., Souza, W. F. de;
Cavalcanti, H. A. F., & Lameu, J. N. (2014). Vulnerabilidade e bem-estar
psicológicos do estudante universitário. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, 10(1), 2-10. doi:
10.5935/1808-5687.20140002
Teixeira,
M. A. P., Castro, G. D., & Piccolo, L. R. (2007). Adaptação à universidade
em estudantes universitários: um estudo correlacional. Interação em Psicologia, 11(2), 211-220.
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