quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

O que você precisa saber sobre a depressão



Andresa Gabriele Bibiano
Verônica Bender Haydu

            Alguma vez você já se sentiu muito triste, desmotivado e sem energia, ou observou alguém que estava se sentindo assim e logo pensou que você ou aquela pessoa poderiam estar sofrendo de depressão? Sua preocupação não é absurda, pois depressão é assunto sério! Já nomeada “o mal do século”, a depressão tem apresentado índices alarmantes entre a população brasileira e mundial. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, até 2020, a depressão deverá ocupar o segundo lugar no ranking das doenças mais incapacitantes, gerando altos custos para os sistemas de saúde. Diante desse cenário, o objetivo desse texto é apresentar informações relevantes sobre a depressão, a partir do ponto de vista médico e psicológico.
            Inicialmente, deve-se destacar que nem toda tristeza é considerada depressão e a distinção entre essas duas condições é fundamental para que as pessoas busquem o auxílio adequado. A tristeza é considerada uma reação emocional “normal” diante das adversidades da vida. Ser demitido do emprego, terminar um relacionamento de longa data e experienciar a morte de alguém próximo, são situações que fazem com que as pessoas se sintam tristes, incapacitadas e sem disposição. No entanto, nesses casos esses sentimentos e reações desaparecem após alguns dias ou semanas e a pessoa se adapta à nova situação, retomando suas atividades diárias sem ajuda terapêutica ou medicamentosa.
            No caso da depressão, por outro lado, os sentimentos e reações são intensos e duradouros, produzindo sofrimento à pessoa e prejudicando seu funcionamento social, profissional e pessoal. Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM 5), para caracterizar um transtorno de depressão, a pessoa deve apresenta humor deprimido, diminuição do interesse ou prazer em realizar suas atividades, perda ou ganho de peso, insônia ou excesso de sono, fadiga, perda de energia, agitação, ansiedade, além de dificuldade de concentração que podem ocorrer na maior parte do dia por pelo menos duas semanas consecutivas. Os tratamentos indicados para a depressão – do ponto de vista médico e biológico – geralmente incluem medicamentos, como a Fluoxetina ou Escitalopram ou, ainda, estabilizadores de humor, como Depakote ou Carbolitium. Cabe à pessoa que sofre de depressão a busca por um médico psiquiatra que possa avaliar a necessidade ou não do uso de medicação.
Apesar de bastante útil, o DSM não considera as particularidades de cada pessoa deprimida, restringindo sua atenção aos sintomas. Para a Análise do Comportamento, abordagem psicológica que orienta a prática de diversos profissionais da saúde mental, antes de ser considerada como sendo um transtorno psicológico, a depressão é entendida como um padrão de relações entre o indivíduo e o ambiente, caracterizado pela diminuição geral das ações do indivíduo e da sua interação com o ambiente. Alguns aspectos importantes dessa relação incluem, a perda do valor de eventos definidos como “prazerosos” e/ou “motivadores” para a pessoa, redução da capacidade de exercer mudanças em sua vida ou, ainda, a incapacidade de enfrentar situações estressantes pelas quais tem passado. Também é comum que a pessoa que está passando por esses problemas receba apoio social ao apresentar comportamentos como choro, reclamações e irritabilidade, de modo que esses comportamentos se tornam mais frequentes. Desse modo, a Análise do Comportamento considera cada caso como singular e exige uma investigação aprofundada da história de vida do indivíduo.
            A perspectiva analítico-comportamental permite ainda avaliar as variáveis que estabeleceram e que mantêm os comportamentos de uma pessoa em depressão por meio da análise de contingências, sendo estas definidas como relações de dependência entre os eventos ambientais e as ações do indivíduo. A partir das relações de contingência pode-se descobrir que as possíveis razões pelas quais uma pessoa apresenta depressão.  Assim, é importante fazer uma análise da depressão, tendo como base os eventos ambientais que são passíveis de serem modificados pelo próprio indivíduo. O principal objetivo do terapeuta analítico-comportamental é ajudar a pessoa a compreender seu próprio comportamento depressivo e propor intervenções que permitam que ela realize mudanças e novas formas de se comportar em relação ao seu ambiente.
            Apesar de apresentarem posições diferentes, as áreas da Psicologia e Psiquiatria unem forças para desenvolver os melhores tratamentos para a depressão que, na maioria das vezes, apresenta os melhores resultados a partir da combinação de terapias comportamentais e medicamentosa. Caso você esteja passando por essa situação ou conheça alguém que esteja, não ignore os sinais! A tristeza também pode se tornar um quadro depressivo mais severo e o diagnóstico precoce é fundamental para que o tratamento obtenha resultados positivos. Por isso, informe-se, auxilie outras pessoas, procure ajuda. Depressão tem solução!

Referências

American Psychiatric Association (2014). Diagnostic and Statistical Manual for Mental Disorders, (5th ed.). Washington DC: American Psychiatric Association.

Cavalcante, S. N. (1997). Notas sobre o fenômeno depressão a partir de uma perspectiva analítico-comportamental. Psicologia: Ciência e Profissão17(2), 2-12.

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