Andresa Gabriele Bibiano
Verônica Bender Haydu
Alguma
vez você já se sentiu muito triste, desmotivado e sem energia, ou observou
alguém que estava se sentindo assim e logo pensou que você ou aquela pessoa
poderiam estar sofrendo de depressão? Sua preocupação não é absurda, pois
depressão é assunto sério! Já nomeada “o mal do século”, a depressão tem
apresentado índices alarmantes entre a população brasileira e mundial. Segundo
dados da Organização Mundial da Saúde, até 2020, a depressão deverá ocupar o
segundo lugar no ranking das doenças
mais incapacitantes, gerando altos custos para os sistemas de saúde. Diante
desse cenário, o objetivo desse texto é apresentar informações relevantes sobre
a depressão, a partir do ponto de vista médico e psicológico.
Inicialmente, deve-se destacar que nem
toda tristeza é considerada depressão e a distinção entre essas duas condições é
fundamental para que as pessoas
busquem o auxílio adequado. A tristeza é considerada uma reação emocional “normal” diante das adversidades
da vida. Ser demitido do emprego, terminar um relacionamento de longa data e experienciar
a morte de alguém próximo, são situações que fazem com que as pessoas se sintam
tristes, incapacitadas e sem disposição. No entanto, nesses casos esses sentimentos e reações desaparecem
após alguns dias ou semanas e a pessoa se adapta à nova situação, retomando
suas atividades diárias sem ajuda terapêutica ou medicamentosa.
No
caso da depressão, por outro lado, os sentimentos e reações são intensos e duradouros, produzindo
sofrimento à pessoa e prejudicando seu funcionamento social, profissional e pessoal.
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM 5), para
caracterizar um transtorno de depressão, a pessoa deve apresenta humor
deprimido, diminuição do interesse ou prazer em realizar suas atividades, perda
ou ganho de peso, insônia ou excesso de sono, fadiga, perda de energia,
agitação, ansiedade, além de dificuldade de concentração que podem ocorrer na maior parte do dia por pelo menos duas
semanas consecutivas. Os tratamentos indicados para a depressão – do
ponto de vista médico e biológico – geralmente incluem medicamentos, como a
Fluoxetina ou Escitalopram ou, ainda, estabilizadores de humor, como Depakote
ou Carbolitium. Cabe à pessoa que sofre de depressão a busca por um médico
psiquiatra que possa avaliar a necessidade ou não do uso de medicação.
Apesar de bastante
útil, o DSM não considera as particularidades de cada pessoa deprimida,
restringindo sua atenção aos sintomas. Para a Análise do Comportamento,
abordagem psicológica que orienta a prática de diversos profissionais da saúde
mental, antes de ser considerada como sendo um transtorno psicológico, a depressão
é entendida como um padrão de relações entre o indivíduo e o ambiente, caracterizado
pela diminuição geral das ações do indivíduo e da sua interação com o ambiente.
Alguns aspectos importantes dessa relação incluem, a perda do valor de eventos
definidos como “prazerosos” e/ou “motivadores” para a pessoa, redução da
capacidade de exercer mudanças em sua vida ou, ainda, a incapacidade de
enfrentar situações estressantes pelas quais tem passado. Também é comum que a
pessoa que está passando por esses problemas receba apoio social ao apresentar
comportamentos como choro, reclamações e irritabilidade, de modo que esses
comportamentos se tornam mais frequentes. Desse modo, a Análise do
Comportamento considera cada caso como singular e exige uma investigação
aprofundada da história de vida do indivíduo.
A
perspectiva analítico-comportamental permite ainda avaliar as variáveis que
estabeleceram e que mantêm os comportamentos de uma pessoa em depressão por
meio da análise de contingências, sendo estas definidas como relações de
dependência entre os eventos ambientais e as ações do indivíduo. A partir das relações de
contingência pode-se descobrir que as possíveis razões pelas quais uma pessoa
apresenta depressão. Assim, é importante
fazer uma análise da depressão, tendo como base os eventos ambientais que são passíveis
de serem modificados pelo próprio indivíduo. O principal objetivo do
terapeuta analítico-comportamental é ajudar a pessoa a compreender seu próprio
comportamento depressivo e propor intervenções que permitam que ela realize
mudanças e novas formas de se comportar em relação ao seu ambiente.
Apesar
de apresentarem posições diferentes, as áreas da Psicologia e Psiquiatria unem
forças para desenvolver os melhores tratamentos para a depressão que, na
maioria das vezes, apresenta os melhores resultados a partir da combinação de
terapias comportamentais e medicamentosa. Caso você esteja passando por essa situação ou conheça alguém que
esteja, não ignore os sinais! A tristeza também pode se tornar um quadro
depressivo mais severo e o diagnóstico precoce é fundamental para que o
tratamento obtenha resultados positivos. Por isso, informe-se, auxilie outras
pessoas, procure ajuda. Depressão tem solução!
Referências
American Psychiatric Association (2014). Diagnostic and Statistical Manual for Mental
Disorders, (5th ed.). Washington DC: American Psychiatric
Association.
Cavalcante, S. N.
(1997). Notas sobre o fenômeno depressão a partir de uma perspectiva
analítico-comportamental. Psicologia: Ciência e Profissão, 17(2),
2-12.
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