Ilustração hipotética de um experimento com eletrodos na mão, gerada pela Inteligência Artificial “DALL·E”, modificada em 29/11/2023.
Wildson Cardoso AssunçãoCarlos Eduardo CostaVerônica Bender Haydu
Para os analistas do comportamento, o termo
"comportamento operante" é definido como o comportamento que envolve
a interação entre uma resposta do organismo e o ambiente, produzindo
consequências, as quais afetam a probabilidade de emissão de novas respostas da
mesma classe operante (Cooper et al. 2020; Skinner, 1957). Um campo de estudo
interessante no domínio do comportamento são os operantes de pequena escala,
também chamados de “operantes encobertos" (cf. Hefferline & Keenan,
1963), que envolvem respostas muito sutis e muitas vezes não observáveis
diretamente, mas que podem ser detectados e analisados por meio de aparelhos
específicos.
No experimento conduzido por Hefferline e Keenan
(1963), foi avaliado o condicionamento de minúsculas contrações no polegar dos
participantes utilizando um reforçador secundário (i.e., pontos trocados por
dinheiro). Os participantes foram informados que o objetivo era medir sua
habilidade para relaxar e que pontos seriam exibidos em um monitor à sua
frente, quanto mais estivessem relaxados. Três eletrodos foram conectados na
base palmar do polegar esquerdo, na borda medial da esquerda da mão e no lóbulo
da orelha esquerda do participante, mas somente um deles estava ativo (o
eletrodo colocado no polegar esquerdo).
O procedimento teve três fases: (a) nível
operante (NO) - consistia em medir, por meio da detecção eletromiográfica, a
frequência de microcontrações do polegar esquerdo sem a liberação de pontos no
monitor; (b) condicionamento - pontos eram liberados no monitor para as
microcontrações do polegar esquerdo; (c) extinção - a liberação dos pontos era
suspensa. Os resultados indicaram que durante o NO, as microcontrações do
polegar eram pouco frequentes, mas aumentaram quando os pontos começaram a ser
liberados para as ocorrências das microcontrações e diminuíram quando os pontos
deixaram de ser liberados. Ao final do experimento, os participantes foram
questionados sobre qual era a condição em que eles haviam notado ter acesso aos
pontos no monitor; nenhum deles soube responder corretamente. Esse dado indica
que tanto o condicionamento da microcontração quanto sua extinção não ocorrem
de maneira “consciente”, isto é, de forma que o indivíduo pudesse ser capaz de
relatar o que ocorreu.
O aspecto importante desse experimento é o fato
de que os organismos, como um todo, são sensíveis às consequências de seus
comportamentos. Em uma perspectiva analítico-comportamental, um comportamento
pode ser descrito como “inconsciente” no sentido de que aquele que se comporta
não é capaz de descrever as variáveis da qual seu comportamento é função - às
vezes não é capaz de descrever nem o que fez em certo contexto. O experimento
de Hefferline e Keenan (1963) demonstra isso elegantemente.
Referências
Cooper, J. O., Heron, T. E., & Heward
(2020). Applied Behavior Analysis
(3rd ed.). Pearson.
Hefferline, R. F., & Keenan, B. (1963).
Amplitude-induction gradient of a small-scale (covert) operant. Journal of the Experimental Analysis of
Behavior, 6(3), 307–315. https://doi.org/10.1901/jeab.1963.6-307
Skinner, B. F. (1957). Verbal Behavior. Copley Publishing Group.
Para os analistas do comportamento, o termo
"comportamento operante" é definido como o comportamento que envolve
a interação entre uma resposta do organismo e o ambiente, produzindo
consequências, as quais afetam a probabilidade de emissão de novas respostas da
mesma classe operante (Cooper et al. 2020; Skinner, 1957). Um campo de estudo
interessante no domínio do comportamento são os operantes de pequena escala,
também chamados de “operantes encobertos" (cf. Hefferline & Keenan,
1963), que envolvem respostas muito sutis e muitas vezes não observáveis
diretamente, mas que podem ser detectados e analisados por meio de aparelhos
específicos.
No experimento conduzido por Hefferline e Keenan
(1963), foi avaliado o condicionamento de minúsculas contrações no polegar dos
participantes utilizando um reforçador secundário (i.e., pontos trocados por
dinheiro). Os participantes foram informados que o objetivo era medir sua
habilidade para relaxar e que pontos seriam exibidos em um monitor à sua
frente, quanto mais estivessem relaxados. Três eletrodos foram conectados na
base palmar do polegar esquerdo, na borda medial da esquerda da mão e no lóbulo
da orelha esquerda do participante, mas somente um deles estava ativo (o
eletrodo colocado no polegar esquerdo).
O procedimento teve três fases: (a) nível
operante (NO) - consistia em medir, por meio da detecção eletromiográfica, a
frequência de microcontrações do polegar esquerdo sem a liberação de pontos no
monitor; (b) condicionamento - pontos eram liberados no monitor para as
microcontrações do polegar esquerdo; (c) extinção - a liberação dos pontos era
suspensa. Os resultados indicaram que durante o NO, as microcontrações do
polegar eram pouco frequentes, mas aumentaram quando os pontos começaram a ser
liberados para as ocorrências das microcontrações e diminuíram quando os pontos
deixaram de ser liberados. Ao final do experimento, os participantes foram
questionados sobre qual era a condição em que eles haviam notado ter acesso aos
pontos no monitor; nenhum deles soube responder corretamente. Esse dado indica
que tanto o condicionamento da microcontração quanto sua extinção não ocorrem
de maneira “consciente”, isto é, de forma que o indivíduo pudesse ser capaz de
relatar o que ocorreu.
O aspecto importante desse experimento é o fato
de que os organismos, como um todo, são sensíveis às consequências de seus
comportamentos. Em uma perspectiva analítico-comportamental, um comportamento
pode ser descrito como “inconsciente” no sentido de que aquele que se comporta
não é capaz de descrever as variáveis da qual seu comportamento é função - às
vezes não é capaz de descrever nem o que fez em certo contexto. O experimento
de Hefferline e Keenan (1963) demonstra isso elegantemente.
Referências
Cooper, J. O., Heron, T. E., & Heward
(2020). Applied Behavior Analysis
(3rd ed.). Pearson.
Hefferline, R. F., & Keenan, B. (1963).
Amplitude-induction gradient of a small-scale (covert) operant. Journal of the Experimental Analysis of
Behavior, 6(3), 307–315. https://doi.org/10.1901/jeab.1963.6-307
Skinner, B. F. (1957). Verbal Behavior. Copley Publishing Group.