Verônica Bender Haydu
Luciana Parisi Martins
Yamaura
Conhecer
a si mesmo é muito importante para formação do nosso autoconceito,
autovalorização e autoestima. O autoconhecimento consiste em sermos capazes de
identificar por que nos comportamos de determinada forma e quais são as consequências
das nossas ações. Além disso, autoconhecimento implica em sermos capazes de
reconhecer os eventos que ocorrem imediatamente antes dessas ações e os
sentimentos e sensações que acompanham as nossas relações com o mundo que nos
cerca.
O
autoconhecimento é decorrente de um processo de aprendizagem vivenciado durante
a infância e ao longo de toda o restante de nossa vida. Os bebês não sabem
descrever o que estão sentindo, do que eles gostam ou o que eles estão querendo
e isso pode angustiar os pais, principalmente quando há sofrimento envolvido.
Assim, é muito importante que eles aprendam a se autoconhecer e a relatar o que
sentem.
À
medida que os bebês aprendem a falar, devem ser expostos a situações em que lhes é
ensinado como nomear o que estão sentindo. “Por exemplo, quando uma
criança fica chorando após a sua mãe ter saído de casa. O pai pergunta: Por que
você está chorando? Você está triste? É porque a mamãe saiu? Não fica triste, não!
Ela volta logo! Um outro exemplo, seria uma situação em que a criança ficou
presa no quarto porque o vento fechou a porta. Ela começa a chorar ‘desesperadamente’.
A mãe corre para acudi-la e vê que nada de grave aconteceu. Ela então diz: “Não
foi nada, meu amor. O vento bateu a porta. A mamãe está aqui! Não precisa ficar
com medo!” (Haydu, n.d., p. 1).
Algumas
vezes não temos informações do que aconteceu, mas ao observar os comportamentos
da criança podemos inferir o que ela está sentindo, a partir de comportamentos
colaterais observáveis. Por exemplo, ao ver a criança quieta, não querendo
brincar, não sorrindo, com os olhos lacrimejando, podemos perguntar se ela está
triste. De forma semelhante, podemos ensinar a identificação e a nomeação das sensações,
como a dor, a fome, a sonolência etc. Por exemplo, o pai vê sua filha cair e ao
ajudá-la a se levantar vê que ela está mancando. O pai deve perguntar: Tá
doendo filhinha? Você machucou sua perninha? Vou colocar um remédio. Vai sarar
logo!
Enquanto
a situação vivenciada pela criança é descrita, podemos perguntar ou dizer
(inferir) o que, provavelmente, ela está sentindo. Com isso, ensinamos à
criança o nome da sensação ou sentimento vivenciado por ela. Isso contribui
para que ela preste atenção em seus sentimentos e em suas sensações
(auto-observação) e se torne capaz de descrevê-los e relacioná-los com as
circunstâncias em que ocorrem (autoconhecimento).
O autoconhecimento não ocorre só na infância, trata-se de um processo comportamental que deve ser mantido por toda nossa vida. A dificuldade de se auto-observar e identificar de forma apropriada nossas emoções e o que sentimos, pode gerar problemas de relacionamento em casa, no trabalho e com as nossas amizades. Assim, podemos concluir que a comunidade/sociedade na qual vivemos se beneficia quando temos um autoconhecimento adequado, o que também favorece nosso autoconceito, autovalorização e autoestima.
Referência
Haydu, V. B. (n.d.). Como aprendemos a nos autoconhecer? http://www.uel.br/pessoal/haydu/textos/como_aprendemos_a_nos_autoconhecer.pdf
Leituras sugeridas:
De Rose, J. C. C. (1999). O relato verbal segundo a perspectiva da análise do comportamento: contribuições conceituais e experimentais. Em R. A. Banaco (Org.) Sobre Comportamento e Cognição. (pp. 148-163). ARBytes. https://itcrcampinas.com.br/pdf/outros/derose.pdf
Souza, A. S. & Abreu-Rodrigues, J. (2007). Autoconhecimento: contribuições da pesquisa básica. Psicologia em Estudo, 12, 141-150. https://www.scielo.br/j/pe/a/77bVDSpqVHMdnBKKxdMR6MN/abstract/?lang=pt
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