quinta-feira, 14 de maio de 2020

Maio Amarelo: Conscientização para redução de acidentes de trânsito



Elaini Karoline Russi
Verônica Bender Haydu


E aí, você já utilizou o trânsito hoje? Quando saímos de nossas casas para realizar qualquer outra atividade, necessariamente, precisamos utilizar o trânsito. Como assim? Trânsito conforme o Código de Trânsito Brasileiro é “a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga” (CTB 1998/2013, p. 19). Agora que você já sabe o que é trânsito, vale a pena também saber que o mês de maio é dedicado ao Movimento Maio Amarelo que visa conscientizar as pessoas para redução de acidentes de trânsito.

Sobre crianças que “não aprendem”




Éllen Patrícia Alves Castilho
Verônica Bender Haydu

No processo de aprendizagem escolar podem aparecer as chamadas dificuldades de aprendizagem. Muitas vezes, recorre-se aos fatores intrínsecos às crianças para justificar os casos de não atender às expectativas para a faixa etária ou ano escolar. Inteligência e maturidade são exemplos de fatores intrínsecos. Eles podem e devem ser levados em consideração, mas não exclusivamente. A perspectiva analítico-comportamental exige que ampliemos nosso olhar acerca da questão das variáveis envolvidas na aprendizagem.
Justificar uma dificuldade de aprendizagem por meio de fatores intrínsecos é reduzir a expectativa acerca dos efeitos de uma intervenção, porque o problema é atribuído à criança. Se considerarmos que o problema está na criança, a questão que se apresenta é: o que podemos fazer? Os princípios da Análise do Comportamento permitem afirmar que mesmo com limitações ou deficiências, todos são capazes de aprender (cf. de Rose, 2012) e de que o ambiente tem papel fundamental no processo de aprendizagem. A partir desta perspectiva muito pode ser feito.
No processo de aprendizagem, as consequências, que são mudanças produzidas no ambiente derivadas de nossa ação, determinam a probabilidade de voltarmos ou não a emitir tal ação no futuro. Não nos comportamos para conseguir determinado resultado, mas porque no passado, comportar-se de determinada maneira gerou uma consequência que aumentou a probabilidade de nos comportarmos dessa forma. Se um aluno levanta a mão e expõe uma dúvida, e a professora explica de forma mais compreensível elogiando a iniciativa, a possibilidade de esse aluno voltar a sinalizar suas dúvidas no futuro aumenta. Essa compreensão levanta uma importante questão: nossa história pessoal. Nossas experiências passadas influenciam o modo como agimos.
Procedimentos de ensino adequados são aqueles que aumentam a probabilidade de o aluno aprender. Se a nossa história é tão importante a ponto de influenciar o modo como nos comportamos, é relevante proporcionar às crianças experiências que favoreçam o aprendizado. A experiência diz respeito à necessidade do aluno e não somente ao esperado para a faixa etária ou ano escolar. Se, por exemplo, uma criança do 1ºano do Ensino Fundamental, ainda não dominar o alfabeto, é preciso que se ensine esse pré-requisito, pois o conteúdo previsto para essa série implica nesse conhecimento. Investir nas habilidades que o aluno precisa desenvolver pode evitar problemas futuros. Quando não se identifica que um fator de ensino pode ser crucial, justificar por fatores intrínsecos torna-se conveniente, mas não produtivo.
O ensino adequado é norteado pelas reais habilidades da criança e não pelas expectativas. As possibilidades de investimento nessas habilidades multiplicam-se quando partimos do aporte teórico da Análise do Comportamento. Então, é possível afirmar que ao falarmos sobre “crianças que não aprendem”, estamos nos referindo a crianças que podem não ter sido ensinadas adequadamente ou que, simplesmente, tiveram suas questões de aprendizagem consideradas exclusivamente pelo viés dos fatores intrínsecos.

Referência
de Rose, J. C. (2012). Análise comportamental da aprendizagem de leitura e escrita. Revista Brasileira de análise do Comportamento, 1(1), 29-50.

Sugestão de leitura
Henklain, M. H. O., & Carmo, J. D. S. (2013). Contribuições da análise do comportamento à educação: um convite ao diálogo. Cadernos de Pesquisa, 43(149), 704-723.

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Quer atuar como psicólogo organizacional e do trabalho e não sabe por onde começar? Vamos do começo


Carina Honório Rotter
Verônica Bender Haydu
Nádia Kienen
Será que o começo seriam dicas do que fazer? Ou de como fazer? Calma, ainda não. Skinner, em Ciência e Comportamento Humano, escreveu “confusão na teoria significa confusão na prática” (Skinner, 2003, p.10). O campo de atuação em Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT) abrange funções e atividades diversificadas. Pesquisas apontam que pouco mais da metade dos profissionais que realizam intervenções nesse campo atuam sem um referencial teórico de base ou, ainda, que atuam a partir de mais de uma teoria (considerados ecléticos) (cf. Gusso et al., 2019). A clareza quanto aos fundamentos teóricos da psicologia deve orientar a atuação profissional e, portanto, esse é o primeiro aspecto a ser considerado para iniciar sua atuação como psicólogo organizacional.
O campo psicológico se constitui historicamente como filosofia, como ciência e como profissão, pois exige simultaneamente um esforço reflexivo, uma investigação científica e se estabelece como uma profissão de ajuda (Tourinho, 2003). A Psicologia é composta por diversos tipos de conhecimentos (denominados como “abordagens”), que se diferenciam devido às maneiras específicas a partir das quais possibilitam interpretar e atuar diante de um fenômeno ou processo comportamental (Botomé & Kubo, 2002). A Análise do Comportamento é uma matriz conceitual (Starling, 2000) que estabelece maneiras específicas de interpretar e intervir sobre esses processos, inclusive em contextos organizacionais.
A subárea da Análise do Comportamento que se dedica especialmente ao contexto organizacional é chamada de Organizational Behavior Management (OBM). No Brasil é mais conhecida como Análise do Comportamento Aplicada às Organizações. O profissional dessa área atua analisando variáveis que constituem e influenciam a organização e propõe intervenções para solução de problemas e melhoria da qualidade das relações. Conforme Krzyzanovski (2019), essa atuação visa criar condições para atingir os objetivos organizacionais, contribuindo, assim, para que a organização cumpra sua função na e para sociedade.
Atuar com base na fundamentação teórica da Análise do Comportamento aumenta as chances de o psicólogo organizacional e do trabalho atuar sobre as necessidades da sociedade e não apenas sobre a demanda do cliente (ou seja, quem paga pelo serviço). Para isso, cabe ao psicólogo ter clareza de alguns conceitos que funcionam como pré-requisitos para atuar em uma organização. Krzyzanovski (2019) dá alguns exemplos:
...conceitos básicos da Análise do Comportamento como: comportamento, análise funcional, contingência, controle de estímulos, esquemas de reforçamento, tríplice contingência, comportamento objetivo (ou comportamento-alvo), controle aversivo, entre outros são importantes para a atuação do profissional ... , uma vez que indicam as variáveis que o profissional deve ficar sob controle para atuar. Além desses, também há conceitos específicos da Análise do Comportamento Aplicada às Organizações que embasam as intervenções no campo: Pinpoint, Análise ABC, Análise PIC/NIC, Behavior System Analysis (BSA), Performance Management (PM), Behavior Based Safety (BBS), organização, entre outros. (p. 24-25)

O profissional que deseja atuar como psicólogo organizacional e do trabalho deve inicialmente aprofundar os estudos no que se refere à orientação teórica. A Análise do Comportamento Aplicada às Organizações constitui-se de orientações e diretrizes que possibilitam ao psicólogo atuar nesse campo de modo coerente com o conhecimento científico existente.


REFERÊNCIAS
Botomé, S. P. & Kubo, O. M. (2002) Responsabilidade dos programas de Pós-Graduação e formação de novos cientistas e professores de nível superior. Revista Interação em Psicologia, vol. 6 num. 1. pp. 81-110.
Gusso, H. L., Alvarenga, A. S., Nunes, P. P., Nunes, M. F. O., De Luca, G. G., & Oliveira, M. Z. (2019). Psicologia Organizacional e do Trabalho no Sul do Brasil: Características dos profissionais, da atuação e dos contextos de trabalho. Revista Psicologia: Organizações e Trabalho, 19(3), 644-652. doi: 10.17652/rpot/2019.3.16131
Krzyzanovski, A. S. (2019). Classes de comportamentos básicos constituintes da intervenção do analista do comportamento sobre rocessos comportamentais em organizações. (Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Paraná).
Skinner, B. F. (2003). Ciência e comportamento humano (Vol. 10). São Paulo: Martins Fontes.
Starling, R. R. (2000). Behaviorismo radical: uma (mal amada) matriz conceitual. In R. C. Wielenska (Org.), Sobre comportamento e cognição: Questionando e ampliando a teoria e as intervenções clínicas e em outros contextos (vol. 6, pp. 3-12). Santo André: ARBytes.
Tourinho, E. Z. (2003). A produção de conhecimento em Psicologia: A Análise do Comportamento. Psicologia, Ciência e Profissão, 23(2), 30-41.