terça-feira, 27 de agosto de 2019

Não se nasce pesquisador, torna-se!



Natalia Ramos Bim
Verônica Bender Haydu

Desde a infância muitas pessoas sonham o que querem ser quando crescer. Muitos querem ser médicos, engenheiros, psicólogos etc. Esse desejo por uma profissão, em geral, conduz o processo de decisão do que cursar no Ensino Superior. O que poucas pessoas sabem, no entanto, é que os conhecimentos aplicados na prestação de serviço são resultados de pesquisas, testes e experimentos. É por meio de estudos desse tipo que a eficácia e eficiência das práticas e procedimentos é comprovada. Um medicamento para dor de cabeça, por exemplo, só chegou ao consumidor depois que equipes de pesquisadores trabalharam arduamente para comprovar resultados favoráveis, reduzindo a dor das pessoas. Fazer pesquisa científica assume um lugar de importância e de prioridade em todos as áreas de atuação. Formar profissionais pesquisadores é tão importante quanto formar profissionais prestadores de serviços. Entretanto, esse é um campo de atuação pouco conhecido dos jovens interessados no Ensino Superior e leva à seguinte questão: como fazer a iniciação científica de alunos dos mais diversos níveis de ensino?
O trabalho científico envolve a formulação de um problema de pesquisa (uma pergunta), a realização do estudo e a apresentação dos resultados do estudo em meios de comunicação científicos. A partir de perspectivas teóricas específicas, o objetivo é avançar em um determinado campo do conhecimento. O comportamento do cientista está sob controle do seu objeto de estudo e é sensível às alterações decorrentes de seus estudos. Sabendo disso, o processo de formação de pesquisadores passa pela modelagem de habilidades básicas específicas, que deve ser iniciada nos primeiros anos do Ensino Fundamental e acompanhado até o Ensino Superior.
Nas escolas – no Ensino Fundamental e Ensino Médio –, os alunos devem ser expostos a conteúdos científicos, com visitas a universidades, centros de pesquisas e laboratórios, e conversas e entrevistas com pesquisadores. É importante que os educadores direcionem interesses dos alunos e os ensine a pensar criticamente sobre os fenômenos naturais. Além disso, que os ensinem a identificar problemas para serem solucionados, a identificar lacunas nas áreas de conhecimento, a formular objetivos de pesquisa, a delinear procedimentos, a coletar dados e a analisá-los cuidadosamente.
No Ensino Superior, especialmente, professores podem desde o primeiro ano da graduação divulgar entre os alunos as pesquisas que eles/elas desenvolvem, a incentivar a participação ativa em grupos de estudos e projetos de pesquisa, bem como a participação em eventos científicos. Nas disciplinas incentivá-los a lerem conteúdos de revistas e periódicos científicos, a realizar pesquisas e incentivar a redação de relatos de pesquisa.
A exposição a essas e outras experiências proporcionará contexto para que os estudantes desenvolvam repertório de pesquisa. São habilidades que pouco a pouco vão sendo aprimoradas, por isso todo o processo de iniciação científica deve ser acompanhado e supervisionado. É preciso haver modelo e também diálogo, feedback e reconhecimento. É isso que manterá o estudante engajado, comprometido e seguro. Assim, pode-se concluir que ser pesquisador não é algo natural, que se nasce sabendo, é preciso arranjo de contingencias para proporcionar essa formação.

Leitura adicional
Fava-de-Moraes, Flavio, & Fava, Marcelo (2000). A iniciação científica: muitas vantagens e poucos riscos. São Paulo em Perspectiva, 14(1), 73-77. https://dx.doi.org/10.1590/S0102-88392000000100008

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