sexta-feira, 26 de julho de 2019

Pais de crianças com autismo: devemos inclui-los na intervenção?




Victória Druzian Lopes
Nádia Kienen
Verônica Bender Haydu

Quantas vezes você já ouviu falar sobre o Autismo (Transtorno do Espectro Autista) esse ano? A popularização do termo, que vem acontecendo nos últimos anos, tem sido acompanhada pelo aumento de campanhas de conscientização e pelo número de diagnósticos realizados. A intervenção que tem demonstrado eficácia, a Análise do Comportamento Aplicada (ABA), deve ocorrer de forma intensiva, a partir de mudanças ambientais. Assim, incluir pais nas intervenções comportamentais de seus filhos com Autismo é muito importante para favorecer o desenvolvimento de repertórios comportamentais adaptativos das crianças.
            As intervenções comportamentais para crianças com diagnóstico de autismo, com base na ABA, devem ser individualizadas, intensivas, duradouras e de início precoce (Barboza, 2015). É necessário analisar funcionalmente os comportamentos da criança, elaborar objetivos terapêuticos, propor estratégias e avaliar mudanças comportamentais das crianças. Devido à complexidade e ao caráter intensivo da intervenção, é um serviço normalmente com alto custo financeiro ao qual poucas famílias conseguem ter acesso. Assim, o treinamento de pais para a aplicação de procedimentos de intervenção baseados na ABA possibilita que mais crianças com Autismo tenham acesso à intervenção continuada e intensiva recomendada (Ferreira, 2015; Oliveira, 2017).
            Os procedimentos de intervenção baseados na ABA dependem fundamentalmente de mudanças no ambiente no qual a criança se comporta, o que necessariamente implica na capacitação dos pais para aprenderem a manejar essas variáveis ambientais no dia a dia da criança com autismo. Eles são parte significativa do ambiente da criança, convivendo com ela a maior parte do tempo. Portanto, eles podem intervir de maneira eficaz no comportamento dos filhos, favorecendo a aprendizagem de novos comportamentos em contextos diversos.
            A ABA é uma forma eficaz de intervir no comportamento das crianças com autismo, desde que seja realizada de forma frequente e intensiva. Considerando o papel dos pais na modificação de variáveis ambientais e a dificuldade de acesso de muitas famílias às intervenções, o treino de pais parece ser uma alternativa viável e pertinente para o desenvolvimento de repertórios comportamentais importantes em crianças com Autismo. 


Referências

Barboza, A. A. (2015). Efeitos de videomodelação instrucional sobre o desempenho de cuidadores na aplicação de programas de ensino a crianças diagnosticadas com autismo (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal do Pará, Belém, PA, Brasil. Recuperado de http://ppgtpc.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/adriano%20alves%20barboza%202015.pdf.

Ferreira, L. A. (2015). Ensino conceitual em ABA e treino de ensino por tentativas discretas para cuidadores de crianças com autismo (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal do Pará, Belém, PA, Brasil. Recuperado de http://ppgtpc.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/Luciene%20Ferreira%202015.pdf.

Oliveira, J. S. C. de. (2017). Intervenção implementada por profissional e cuidador a crianças com TEA (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal do Pará, Belém, PA, Brasil. Recuperado de http://ppgtpc.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/Juliana%20Sequeira%20Cesar%20de%20Oliveira%202017.pdf.

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