Yuri Lelis
Rafael
Verônica Bender
Haydu
Ao entrar em contato com o Behaviorismo,
seja em cursos de graduação, livros introdutórios ou palestras e congressos, é
possível que o leitor tenha a impressão de que está estudando uma área
homogênea, na qual todos os membros concordam sobre as questões mais gerais,
além de todos estarem de acordo com as premissas descritas por B. F. Skinner.
Porém, uma análise mais detalhada da área pode indicar o equívoco nessa posição
e revelar que o behaviorismo é uma área heterogênea, e que seus autores
discordam e discutem entre si sobre diversos temas fundamentais sobre o
comportamento. É justamente essas discussões que favorecem o desenvolvimento da
ciência e que favorecem o planejamento de novas pesquisas.
Na primeira metade do século XX já é
possível encontrar textos sinalizando a falta de homogeneidade no Behaviorismo.
Comentando essa característica, Williams (1931) defendeu que o behaviorismo
seria uma área muito menos unificada em comparação com a psicologia da Gestalt
e a psicologia introspeccionista da época, e descreve cinco autores
considerados behavioristas que, segundo ela, apresentam diferentes posições em
relação a assuntos fundamentais da psicologia. Williams concluiu que os autores
apresentados discordam até mesmo sobre o significado do próprio termo
behaviorismo.
O passar das décadas não solucionou
a heterogeneidade do behaviorismo. O'Donohue e Kitchener (1999), décadas depois,
em um livro dedicado à temática, descrevem 15 versões de behaviorismo, cada uma
com características e pressupostos específicos, ainda que compartilhem
características gerais maiores que definam cada um como membro do grupo behaviorista.
É importante também comentar que, como indicado pelos autores, os critérios
para definir um autor como behaviorista e para definir uma versão do
behaviorismo como diferente da outra, não são fixos e totalmente delimitados.
Assim, não é possível estimar com clareza quantas versões são encontradas na
literatura, dependendo sempre de quem realiza a análise e da forma na qual ela
é desenvolvida.
Algumas das correntes behavioristas
citadas por O'Donohue e Kitchener (1999) são: o interbehaviorismo, o
behaviorismo funcionalista contextual, o behaviorismo teleológico e o
behaviorismo lógico, além do behaviorismo radical. Essa pluralidade permite o
desenvolvimento de discussões internas que permitem o desenvolvimento da área.
Esses diferentes pontos de vistas devem ser conhecidos e considerados por
qualquer um que se interesse pela Ciência do Comportamento, seja para aprimorar
sua aplicação prática ou contribuir para o estabelecimento do behaviorismo como
uma filosofia da ciência.
Referências
O'Donohue, W.
& Kitchener, R. F. (1999). Handbook
of Behaviorism (1a ed.). California: Academic Press.
Williams, K. A.
(1931). Five Behaviorisms. The American
Journal of Psychology, 43(3), 337-360.
https://doi.org/10.2307/1414607
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