Roberto Salbego DonichtThays da Cruz SilvaRafael Peres MacedoVerônica Bender
Haydu
Por muito tempo Religião e Ciência
conviviam sem conflitos, nessa época a ciência era chamada de teologia natural
ou filosofia natural. Uma das razões para essa harmonia ter surgido veio da
argumentação de Tomás de Aquino de que Ciência e Religião possuíam “reinos”
distintos de estudo e conhecimento, cada qual instransponível para o outro. O
fim dessa paz veio com o advento da Ciência Secular (Século XIX), a qual surgiu
das contribuições darwinistas e, principalmente, a profissionalização dos
cientistas. A argumentação de Tomás continuou, no entanto, sendo usada agora
para justificar a desarmonia entre essas áreas do saber. Diante disso, ficam os
seguintes questionamentos: A argumentação de Tomás de Aquino faz sentido?
Ciência não deve se meter com Religião e vice-versa?
Embora, a argumentação apresentada por
Tomás de Aquino possa ser considerada desnecessária, ela provavelmente foi um
diferencial. Na época de Aquino, um contexto predominante religioso, qualquer
argumento que favorece o livre fazer científico era importante. Logo, essa
lógica permitiu que os cientistas realizarem suas pesquisas sem terem que
discutir constantemente com a religião.
Em
relação a cisão Ciência-Religião, temos algumas respostas na Análise do
Comportamento (uma área da ciência) no livro “Religion and Human Behavior”[1] (Schoenfeld, 1993). Para Schoenfeld, a enorme influência religiosa
existente no cotidiano dos indivíduos deveria bastar como justificativa para
haver maior interesse dos analistas do comportamento em pesquisar esse fenômeno.
Segundo Schoenfeld, se Deus falou na língua dos homens, essa língua é
comportamento. Ademais, há a ideia de que tanto a religião como a ciência podem
ganhar muito com o diálogo mútuo. A compreensão de fenômenos religiosos por uma
perspectiva científica pode tanto elucidar problemáticas presentes em nossa
sociedade (discussões morais, por exemplo) quanto auxiliar em discussões
religiosas, como a compreensão da “língua dos homens” utilizada por Deus.
Diante do exposto, o argumento de Tomás de Aquino já não é mais justificativa para o afastamento da Análise do Comportamento e da Ciência, como um todo, de um fenômeno tão presente na humanidade como a religião. Atualmente, a Ciência e a Religião são áreas do saber bastante consolidadas em seus respectivos “reinos”, cabendo a elas abrirem as fronteiras para uma discussão proveitosa e frutífera.
Referência
Schoenfeld, W. N. (1993). Religion and Human
Behavior. Boston: Authors Cooperative.
[1] O qual é provavelmente o único livro da Análise do Comportamento destinado a estudar exclusivamente o fenômeno religioso.
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