Jordana Fontana
Muito já se ouviu falar sobre a mulher ser o
sexo frágil, inclusive no que se refere a doenças psicológicas. Dados da
Organização Mundial de Saúde (em inglês, WHO, 2001) demonstram que mulheres têm
mais chance de desenvolver transtornos psicológicos, principalmente depressão e
ansiedade. Qual o motivo dessa diferença? Seria a mulher biologicamente ou
essencialmente mais propensa a ter mais problemas de saúde mental? Alguns
estudos da psicologia, em especial da análise do comportamento, têm demonstrado
que os problemas de saúde da mulher são uma consequência da nossa sociedade,
constituída por práticas que oprimem as mulheres.
A
cultura em que vivemos é caracterizada pela desigualdade entre gêneros – isso não
significa uma simples diferença, mas sim que um gênero se beneficia em
detrimento do outro: homens são maioria em posições de poder e têm mais acesso
a benefícios, ficando as mulheres com menos oportunidades de emprego, salários
mais baixos, trabalhos de menor prestígio e condições financeiras mais
precárias. Mulheres aprendem que certas coisas são tarefas “de homem”, e que
elas não têm capacidade para fazer tais coisas. Falar que algo é “de mulher” é
uma expressão comumente utilizada em tom pejorativo, e, portanto, o feminino é
visto como inferior. Mulheres são menos respeitadas e sua capacidade
intelectual é comumente colocada em cheque. Além disso, sofrem diariamente
diversas formas de assédio e violência, que muitas vezes chegam ao extremo, no
caso do feminicídio (Fontana, 2019).
Atualmente, sabe-se que o conceito de saúde mental envolve diversos aspectos da vida, como boas condições de trabalho, inclusão social, estilo de vida saudável, segurança e garantia de direitos humanos (WHO, 2002). Tendo em vista a condição atual das mulheres, esse ambiente social prejudica o seu bem estar e contribui para o desenvolvimento de transtornos psicológicos. Assim, o argumento da mulher como sexo frágil não se sustenta: os altos índices de transtornos mentais das mulheres são influenciados pela sociedade machista e a acentuada desigualdade entre gêneros.
Atualmente, sabe-se que o conceito de saúde mental envolve diversos aspectos da vida, como boas condições de trabalho, inclusão social, estilo de vida saudável, segurança e garantia de direitos humanos (WHO, 2002). Tendo em vista a condição atual das mulheres, esse ambiente social prejudica o seu bem estar e contribui para o desenvolvimento de transtornos psicológicos. Assim, o argumento da mulher como sexo frágil não se sustenta: os altos índices de transtornos mentais das mulheres são influenciados pela sociedade machista e a acentuada desigualdade entre gêneros.
E
qual o papel da psicologia nesse contexto? Em primeiro lugar, a psicologia tem
ajudado a compreender que o problema da saúde mental das mulheres não se dá
devido a uma vulnerabilidade inata da mulher, e sim que está relacionada à sua
condição social. Além disso, a ciência do comportamento tem, há alguns anos, se
esforçado para compreender como se organiza uma cultura, bem como tem delineado
estratégias para modificar práticas culturais, e algumas dessas estratégias
objetivam a mudança de práticas que prejudicam a vida das mulheres (Pinheiro
& Mizael, 2019). Tratar da saúde mental da mulher não requer apenas um
trabalho individual, e sim uma mudança social, que depende de diversas
pesquisas e intervenções para mudanças de comportamentos e de práticas, para
assim poder contribuir para uma melhora na saúde mental das mulheres.
Fontana, J. (2019). Uma análise da
dominação masculina à luz da noção skinneriana de cultura. (Dissertação de
mestrado, Universidade Estadual de Londrina, Londrina).
Pinheiro, R., & Mizael, T. (Org.). (2019).
Debates sobre feminismo e análise do
comportamento. Fortaleza: Imagine publicações.
Organização Mundial da Saúde [WHO]. (2002). Relatório Mundial da Saúde. Saúde mental:
Nova concepção, nova esperança. Recuperado de
https://www.who.int/whr/2001/en/whr01_po.pdf
Nenhum comentário:
Postar um comentário