quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Dia da Consciência Negra em um país desigual




Thainã Eloá

O dia 20 de Novembro é celebrado como Dia da Consciência Negra, por ser a data de falecimento de Zumbi dos Palmares, no ano de 1695. E no dia 13 de Novembro de 2019, uma notícia tomou proporções virais em muitas das principais redes sociais atualmente utilizadas: a maioria dos estudantes das universidades públicas, pela primeira vez no Brasil, é de negros, totalizando 50,3% das vagas atualmente. Ainda dentro de dados estatísticos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 63,5% das crianças vítimas de trabalho infantil são negras, e a população negra recebe, em média, metade do salário de pessoas brancas. Isto, é claro, levando-se em conta os que estão vivos: o número de assassinatos de pessoas negras, a cada 100 mil habitantes, subiu de aproximadamente 37 para 43 indivíduos no período de 2012 a 2017, enquanto o número de vítimas da cor branca se manteve em aproximadamente 16. Estes números representam uma coisa bem clara: ainda vivemos em um país extremamente desigual quando falamos de raça, mesmo que agora tenhamos mais negros nas universidades, segundo os dados citados. Mas o que exatamente a Psicologia tem a ver com isso?

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Mulheres e sociedade: o problema da saúde mental


             

Jordana Fontana

        Muito já se ouviu falar sobre a mulher ser o sexo frágil, inclusive no que se refere a doenças psicológicas. Dados da Organização Mundial de Saúde (em inglês, WHO, 2001) demonstram que mulheres têm mais chance de desenvolver transtornos psicológicos, principalmente depressão e ansiedade. Qual o motivo dessa diferença? Seria a mulher biologicamente ou essencialmente mais propensa a ter mais problemas de saúde mental? Alguns estudos da psicologia, em especial da análise do comportamento, têm demonstrado que os problemas de saúde da mulher são uma consequência da nossa sociedade, constituída por práticas que oprimem as mulheres.
        A cultura em que vivemos é caracterizada pela desigualdade entre gêneros – isso não significa uma simples diferença, mas sim que um gênero se beneficia em detrimento do outro: homens são maioria em posições de poder e têm mais acesso a benefícios, ficando as mulheres com menos oportunidades de emprego, salários mais baixos, trabalhos de menor prestígio e condições financeiras mais precárias. Mulheres aprendem que certas coisas são tarefas “de homem”, e que elas não têm capacidade para fazer tais coisas. Falar que algo é “de mulher” é uma expressão comumente utilizada em tom pejorativo, e, portanto, o feminino é visto como inferior. Mulheres são menos respeitadas e sua capacidade intelectual é comumente colocada em cheque. Além disso, sofrem diariamente diversas formas de assédio e violência, que muitas vezes chegam ao extremo, no caso do feminicídio (Fontana, 2019).