segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Comportamento de ler com compreensão: estratégias para o seu desenvolvimento




Marcelle Teixeira Bertini
Camila Muchon de Melo
Verônica Bender Haydu

A dificuldade relacionada à leitura com compreensão abrange diversos aspectos do cotidiano das pessoas, tais como aprendizagem de conteúdos escolares, o futuro profissional (escolha da profissão) e o relacionamento interpessoal. Crianças, em idade escolar, que já desenvolveram a capacidade de ler palavras, nem sempre compreendem o conteúdo de frases e textos apresentados pelos professores, dificuldades que extrapolam o ambiente escolar e podem trazem prejuízos. Diante dessa condição, o desenvolvimento de estratégias alternativas de ensino da leitura com compreensão pode ser importante e contribuir para reduzir as dificuldades que os cidadãos possam vir a enfrentar em seu cotidiano.
Embora a leitura com compreensão seja vista por diversos teóricos da aprendizagem como uma habilidade superior a outros comportamentos do homem, para Skinner (1957) ela é considerada comportamento verbal. Portanto, pode ser aprendida pelos mesmos princípios de todo os comportamentos operantes: no contato do indivíduo com o seu ambiente. Skinner apresentou uma taxonomia do comportamento verbal, definindo diversas categorias desse tipo de comportamento, sendo elas o mando, o tato, o ecóico, o intraverbal, o textual e o autoclítico. A aprendizagem de um desses comportamentos não implica, necessariamente, na aprendizagem de outro, conforme apontou o autor. Um exemplo dessa condição fica claro quando uma criança aprende a ler palavras (comportamento verbal textual), porém não consegue compreender o seu significado (leitura com compreensão). Para desenvolver leitura com compreensão, várias estratégias podem ser criadas a partir dos princípios da Análise do Comportamento e, diferente dos métodos tradicionais de ensino, essas estratégias podem ser baseadas nos pressupostos da Tecnologia de Ensino apresentada por Skinner (1968/1972).
No ensino da leitura com compreensão deve-se, de acordo com Skinner (1968/1972), definir inicialmente os comportamentos necessários para a aprendizagem desse repertório e em seguida, arranjar as etapas do programa de ensino, de acordo com o qual: (a) o aprendiz poderá progredir no seu próprio ritmo, sendo possível responder um número necessário de atividades até acertar todas as questões propostas; (b) as etapas do programa deverão ser realizadas em pequenos passos, de forma que a resolução de cada questão esteja interligada com a anterior; (c) as respostas do aprendiz deverão produzir consequências imediatamente, o que permitirá identificar se está agindo de maneira correta ou não; e (d) o programa deve ter propriedades reforçadoras. Esse arranjo de ensino faz com que o aprendiz seja ativo no processo de ensino/aprendizagem, o que contribui para uma aprendizagem efetiva, uma vez que é individualizada.
Visto que o objetivo dos analistas do comportamento é fazer uma ciência que auxilie o indivíduo a interagir de forma produtiva com o seu ambiente, utilizar os pressupostos da Tecnologia de Ensino de Skinner (1968/1972) para o desenvolvimento e a proposição de programas pode ser eficaz e eficiente na aprendizagem da leitura com compreensão. A aquisição desse repertório garante ao sujeito acesso a uma grande variedade de recursos, incluindo melhores empregos e ao conhecimento de informações relevantes para sua vida em sociedade. Portanto, o ensino da leitura com compreensão é de grande relevância social.

Referências

Skiners B.F. (1972). Tecnologia do Ensino. (Rodolpho Azzi, Trad). São Paulo: EPU. (Publicado originalmente em 1968).
Skinner, B. F. (1957). Verbal Behavior, New York: Prentice Hall.

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