Célio Roberto Estanislau
Verônica Bender Haydu
No mundo tecnológico acelerado e repleto de
estímulos em que vivemos, muitas pessoas têm dificuldade em manter alguns
cuidados com sua própria saúde e rotina, o que favorece o surgimento do
estresse. Em níveis avançados, o estresse pode levar à Síndrome de Burnout.
Considerando esse aspecto, Jon Kabat-Zinn propôs em 1979 uma terapia chamada de
Redução de Estresse Baseada em Mindfulness (MBSR). Essa terapia é desvinculada
de práticas religiosas e tem chamado a atenção da comunidade científica ao
longo das últimas décadas devido às evidências de efeitos positivos tanto nos
relatos de praticantes quanto por meio de resultados de pesquisas empíricas.
O estudo do estresse não tem sido um tema central
de interesse na Análise do Comportamento (AC), mas Sanzovo e Coelho (2007),
descreveram o estresse como uma resposta do organismo a estímulos aversivos.
Além disso, esses autores citam que de acordo com Torres e Coelho (2004) “uma
importante habilidade no manejo do stress é estar sempre sensível às
contingências de maneira que seja possível perceber as mudanças significativas
no ambiente que poderiam vir a demandar algum tipo de adaptação” (Sanzovo &
Coelho, 2007, p. 236).
Uma alternativa de tratamento dos sintomas de
estresse são as práticas de mindfulness
(atenção plena), as quais têm sido utilizadas por terapeutas
analítico-comportamentais da Terapia de Aceitação e Compromisso (cf. Brinkborg
et al., 2011) e da Psicoterapia Analítica Funcional. Apesar desse método
parecer bastante diferente dos métodos da AC tradicionais, Muñoz-Martinez et
al. (2017) defendem que mindfulness pode
ser entendida como uma habilidade (devido à objetividade de auto descrição
verbal sobre o que o indivíduo faz) ou como estratégia (devido às práticas de
exercícios específicos). Além disso, uma das definições mais comuns da mindfulness se refere simplesmente à
atenção (Martin, 1977) e conforme destacaram Strapasson e Dittrich (2008), a
atenção é um comportamento, passível de análise funcional.
Os estudos em AC sugerem que, de forma
semelhante ao que ocorre em outras áreas da ciência, mindfulness tanto pode ser vista como uma habilidade que pode ser
aperfeiçoada (uma prática mantida pelas suas consequências), como pode ser
vista como uma intervenção com potencial de influenciar outros comportamentos
(cf. Fuller & Fitter, 2020; Reed, 2023). Embora ainda haja muitas questões
a serem exploradas na relação entre mindfulness
e Análise do Comportamento, as pesquisas até o momento indicam um potencial
promissor. Concluímos que a integração das abordagens terapêuticas
analítico-comportamentais com a mindfulness
pode ampliar as estratégias de intervenção e oferecer ao cliente uma
melhor forma de cuidado pessoal por meio da atenção a si mesmo.
Referências
Brinkborg, H., Michanek,
J., Hesser, H., & Berglund, G. (2011). Acceptance and commitment therapy
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Fuller, J. L., &
Fitter, E. A. (2020). Mindful parenting: a behavioral tool for parent
well-being. Behavior Analysis in Practice,
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Martin, J. R. (1997).
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of Psychotherapy Integration, 7(4), 291–312.
https://doi.org/10.1023/B:JOPI.0000010885.18025.bc
Muñoz-Martínez, A.,
Monroy-Cifuentes, A., & Torres, L. (2017). Mindfulness: Process, skill or
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https://doi.org/10.1590/0103-656420160038
Reed, P. (2023).
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https://doi.org/10.1037/xan0000352
Sanzovo, C. É., &
Coelho, M. E. C. (2007). Estressores e estratégias de coping em uma amostra de
psicólogos clínicos. Estudos de Psicologia
(Campinas), 24(2), 351-365. https://doi.org/10.1590/S0103-166X2007000200009
Strapasson, B. A., &
Dittrich, A. (2008). O conceito de "prestar atenção" para skinner
[The concept of "paying attention" for skinner]. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 24(4),
519–526. https://doi.org/10.1590/S0102-37722008000400016.
Torres, N., &
Coelho, M. E. C. (2004). O stress, o transtorno do pânico e a psicoterapia: a
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cognição. Contingências e metacontingências: contextos sócios- -verbais e o
comportamento do terapeuta (pp.339-344). ESETec.