Burrhus Frederic Skinner tocando uma música do Peter Bjorn and John em seu violino (risos).
Essa imagem foi gerada com a Inteligência
Artificial “DALL·E 2” em 22/05/2023, às 22:05:23.
Wildson Cardoso Assunção
Universidade Estadual de Londrina
Lidiane Diniz de Andrade
Universidade de Brasília
Verônica Bender Haydu
Universidade Estadual de Londrina
A música é
maravilhosa! Quase todas as pessoas concordam com essa afirmação, não é mesmo?
E não é à toa que a música desperta interesse em diversas áreas científicas.
Física, matemática, sociologia, antropologia e até a Análise do Comportamento
estão entre as ciências que se dedicam a explorar a música, cada uma com suas
próprias perspectivas e métodos. Um interesse em comum é referente a quais
efeitos a música causa nas pessoas e porque ela causa esses efeitos.
Se você fosse
realizar um estudo sobre esse tema, quais perguntas de pesquisa você gostaria
de responder?
Analistas do
comportamento têm feito perguntas de pesquisa sobre os efeitos da música no comportamento
tanto de humanos quanto de animais não humanos. Podem ser encontradas na
literatura pesquisas experimentais e aplicadas relacionadas com a avaliação
dos efeitos da música no alívio do
estresse, na produtividade, motivação, aprendizagem, atividade física e
desempenho atlético, bem como mo comportamento de pessoas com o Transtorno do
Espectro Autista (TEA).
O Journal of Applied Behavior Analysis e o
Journal of the Experimental Analysis of
Behaviors publicaram diversos estudos sobre o tema. Por exemplo, Gibbs et
al. (2018) conduziram um estudo que focou em vocalização estereotipada
(comportamento vocal repetitivo, sem função comunicativa e que geralmente é
mantido por reforço automático). Os autores avalairam se a combinação de duas
intervenções, Estimulação Combinada (intervenção que fornece acesso não
contingente a estímulos que correspondem às consequências do comportamento-alvo
e a Interrupção) e o Redirecionamento da Resposta (intervenção que interrompe
comportamentos inadequados e redireciona o indivíduo para um comportamento mais
apropriado) seriam mais eficaz do que o uso de apenas uma isoladamente. Os
resultados indicaram que a combinação das duas intervenções foi mais eficaz na
redução da vocalização estereotipada, resultando em maior foco dos
participantes nas tarefas e requerendo menos intervenções.
Outros estudos
exploraram o uso da música como reforço em diferentes contextos, como no
tratamento de comportamentos problemáticos em crianças com desenvolvimento
atípico (Barmann et al., 1980), no
treino de nadadores competitivos (Hume & Grossman, 1992), e por meio de um programa de enriquecimento musical no reforço alimentar (motivação para
comer) (Kong et al., 2022). Essas pesquisas ampliam muito
o que sabemos sobre como a música afera o comportamento dos organismos.
Contudo, ainda há muito o que investigar: gênero musical, duração, velocidade, fatores
relacionados à preferência individual, fatores relacionados à idade, efeitos de
diferentes intervenções musicais sobre os diferentes tipos de transtornos,
enfim... muita coisa. Agora que você conhece essas
evidências, quais perguntas de pesquisa você faria, se fosse realizar um estudo
sobre música e Análise do Comportamento?
Referências
Barmann, B. C., Croyle-Barmann, C., & McLain, B. (1980). The use of contingent-interrupted music in the treatment of disruptive bus-riding behavior. Journal of Applied Behavior Analysis, 13(4), 693-698. https://doi.org/10.1901/jaba.1980.13-693.
Gibbs, A. R., Tullis, C. A., Thomas, R., & Elkins, B. (2018). The effects of noncontingent music and response interruption and redirection on vocal stereotypy. Journal of Applied Behavior Analysis, 51, 899-914. https://doi.org/10.1002/jaba.485
Hume, K. M., & Grossman, J. (1992). Musical reinforcement of
practice behaviors among competitive swimmers. Journal of Applied Behavior Analysis, 25, 665-670.
https://doi.org/10.1901/jaba.1992.25-665.
Kong, K. L., Eiden, R. D., Morris, K. S., Paluch, R. A., Carr, K. A.,
Epstein, L. H. (2022). Reducing relative food reinforcement of infants using a
music enrichment program: a randomized, controlled trial. American Journal of Clinical Nutrition, 116(6), 1642-1653.
https://doi.org/10.1093/ajcn/nqac209.