Amanda Oliveira Morais
Silvia Regina de Souza
Quando
se trata da participação em alguma modalidade esportiva a expectativa de alguns
pais relacionada ao desempenho das crianças é alta. Mesmo que as intenções
desses pais sejam boas, altas exigências de desempenho no contexto esportivo podem
prejudicar o desenvolvimento saudável das crianças. O objetivo geral da prática
de esportes por crianças é o aprendizado nas áreas social, emocional e moral
além do aprendizado de habilidades técnicas e táticas da modalidade. Se enfatizarmos
apenas resultados esses benefícios não serão alcançados por completo.
Imagem retirada do Guia dos Pais Torcedores Canato & Souza (2007) |
Imagem retirada do Guia dos Pais Torcedores Canato & Souza (2007) |
Não dediquem todo investimento apenas na carreira esportiva dos filhos. A grande maioria das crianças e jovens que pratica algum esporte não chegará a ser profissional, e dos que conseguem pouquíssimos serão grandes campeões. Isso não significa que se seu filho quiser seguir uma carreira esportiva você não o apoiará. O apoio da família é importante, mas ele deve ser dado de forma realista. Conhecer a realidade do mercado profissional da modalidade que seu filho pratica é importante para criar expectativas reais sobre as possibilidades que ele terá.
A
terceira dica é: pequenas atitudes no
dia-a-dia da prática esportiva dos filhos são grandes oportunidades de ensinar
grandes lições e propiciar a eles um desenvolvimento emocional mais saudável.
Portanto, ao invés de apenas cobrar resultados, demonstre interesse pelo treinamento
da criança ou jovem; elogie os pequenos avanços e importe-se menos com os
erros; encoraje seu filho a resolver sozinho os problemas que a equipe
apresentar.
Imagem retirada do Guia dos Pais Torcedores Canato & Souza (2007) |
Finalmente,
aprenda a ser um torcedor melhor. Evite
dar instruções da arquibancada, pois isso pode deixar a criança confusa caso a
instrução dada pelo treinador(a) seja diferente da sua. É papel do treinador(a)
instruir e corrigir os atletas. Se você não concordar com algo que o
treinador(a) faz, é melhor marcar um horário para conversar em particular sobre
suas dúvidas. Nunca brigue com o treinador(a) em público! Aliás, nunca brigue
com ninguém durante treinos e competições. Se você brigar, xingar, agredir o
árbitro, os adversários, ou seu próprio filho, são essas atitudes que você
estará ensinando às suas crianças. Você ajudará seus filhos a lidar melhor com
vitórias e derrotas se você mesmo souber lidar melhor com essas situações. Caso seu filho vença a partida ou jogo, seja
respeitoso e não deprecie os adversários. Se seu filho(a) ou a equipe dele(a)
perder entenda que isso faz parte do esporte.
Alguns
pais podem estar se perguntando: mas então eu não posso mais torcer pelo meu
filho, só assistir? Claro que você pode torcer! Incentivar e elogiar seus
filhos e/ou a equipe está mais que liberado. Contudo, enquanto pais de pequenos “atletas” deveríamos
nos questionar: o que esperamos que nossas crianças aprendam nas equipes e
campeonatos dos quais participam? Alguns pais poderiam argumentar que vivemos
em uma sociedade competitiva, portanto, deveríamos preparar nossos filhos para
essa sociedade. Para esses pais afirmamos que o fato de vivermos em uma cultura
de competição não significa que essa é a melhor maneira de vivermos em
comunidade. Nós temos sim a possibilidade de promover práticas mais solidárias,
colaborativas e menos competitivas. Afinal, o mundo é o que fazemos dele.
Publicado
em:
Morais,
Amanda Oliveira & Souza, Sílvia
Regina de (26 mar 2014). Pais torcedores: Orientações sobre a
participação dos pais na vida esportiva dos filhos. Noticia, Londrina, p. 2.
Canato, Thalita. & Souza, Sílvia Regina de (2007). Guia dos pais torcedores. Universidade Estadual de Londrina.
Canato, Thalita. & Souza, Sílvia Regina de (2007). Guia dos pais torcedores. Universidade Estadual de Londrina.