quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Muito além dos estudos: dicas para uma adaptação mais satisfatória à universidade


Fernanda Torres Sahão

O sonho de ingressar na universidade faz parte da vida de muitos de nós, e a batalha para chegar lá pode ser árdua, estressante e cheia de emoções, mas o sentimento de missão cumprida prevalece quando finalmente somos aprovados. O alívio e alegria são tão grandes que não nos preparamos (e não somos preparados) para a vida universitária de fato. Calma, não quero assustar ninguém! Continuem alegres e aliviados, mas é importante que saibam de algumas coisas para que essa transição para o ensino superior ocorra de um modo mais leve e sem pegá-los desprevenidos.
O ensino superior é caracterizado por vários desafios, tanto acadêmicos quanto pessoais: novas amizades a serem feitas, afastamento dos amigos de escola, novo ritmo de estudo, novas exigências, mudanças no formato das avaliações e das disciplinas, questões burocráticas, entre (muitos) outros. Essas situações exigem que você apresente comportamentos que antes não precisava apresentar. Isso pode gerar uma série de sentimentos e conflitos que podem afetar negativamente a sua adaptação à universidade, acarretando prejuízos à sua saúde mental, e até mesmo a desistência ou mudança de curso ou instituição. O ambiente universitário pode ser estressante e muito exigente, mas existem algumas coisas que você pode fazer para conseguir se adaptar melhor a esse novo contexto. Vamos lá?

1) Explorar as oportunidades do ambiente acadêmico: um dos principais problemas que os estudantes enfrentam nos primeiros anos é não saber como funciona a universidade ou até mesmo características básicas do curso escolhido. Para isso, é importante sempre identificar essas informações, desde questões mais simples como a localização das salas, restaurante universitário, secretaria (...) até informações sobre as disciplinas que irá cursar, características dos professores e do curso. Muitos estudantes se frustram devido a algumas lacunas no currículo, como áreas de atuação que não são abordadas nas disciplinas formais ou disciplinas que não abordam totalmente algum conteúdo. Mantenha a calma! Procure atividades extracurriculares como projetos de pesquisa, ensino e extensão, congressos, iniciação científica. Essas atividades, além de preencherem essa lacuna, são de extrema importância para a sua motivação e permanência no curso, pois costumam aproximar mais a teoria estudada com a prática profissional.
2) Gerir o próprio comportamento de estudo: você é agora o único responsável pelo seu desempenho nas atividades universitárias, e isso pode ser muito bom. Aproveite para observar o que você já sabe fazer e o que ainda precisa melhorar: “já sei organizar meu tempo, mas meu ambiente de estudo é uma bagunça? Consigo dar conta das minhas atividades, mas não estou dedicando tempo aos amigos e família? Ainda não possuo um método eficaz de estudo, preciso identificar outros meios de estudar de forma mais eficaz!”. Esses são alguns exemplos de comportamentos importantes para o desenvolvimento da autonomia nos estudos. Além disso, serão essenciais na sua prática profissional, depois de formado.
3) Comprometer-se com o curso e com a instituição: você é um estudante universitário, mas também já está iniciando sua vida profissional. Aproveite as oportunidades oferecidas pelo curso e pela universidade. Procure se engajar em atividades que vão além das obrigatórias, que propiciem maior contato com esse ambiente repleto de novidades e oportunidades.
4) Ajustar as próprias expectativas à realidade da universidade: sabe aquela expectativa de “agora só vou estudar o que eu gosto”? Sinto lhe informar, mas isso não faz parte da realidade universitária. É importante que você identifique quais expectativas possui com o curso, e se de fato elas irão ser atendidas. Caso não seja, “bola pra frente” e aproveite para identificar aspectos “reais” do curso: eles podem te surpreender e te agradar (talvez até mais do que você imaginava!).
5) Gerenciar as emoções: por mais “adaptado” que você esteja, emoções diversas irão te afetar diariamente. É importante prestar atenção nelas e aceitá-las: elas fazem parte de você e desse momento da sua vida. É importante lidar com as situações estressoras, e não as evitar. Procure identificar cursos de ação para modificar essas situações, assim como recorrer às pessoas com as quais pode contar para te ajudar com isso!
6) Estabelecer relações sociais que sirvam de suporte para a adaptação: esse é provavelmente um dos pontos mais importantes para a adaptação. Ninguém precisa passar pelas dificuldades inerentes a universidade sozinho! Aproveite os momentos iniciais de integração para estabelecer vínculos de amizade, de suporte social. Procure conversar com colegas, veteranos e professores. Geralmente os cursos possuem centros acadêmicos, atléticas e projetos que estimulam esses vínculos. Isso é essencial para que você consiga fazer todos os itens aqui descritos. Caso esteja com dificuldade em estabelecer esses vínculos, procure ajuda profissional. Você não está sozinho!
7) Resolver problemas relacionados a novas responsabilidades acadêmicas e pessoais: além de estudante, você agora é um adulto e terá responsabilidades financeiras, tarefas cotidianas a cumprir e terá que conciliar atividades acadêmicas com as atividades pessoais. Identifique quais são essas responsabilidades e planeje sua semana de modo a conciliar esses dois âmbitos da sua vida. Não deixe a sua vida pessoal de lado por causa das tarefas acadêmicas! Planeje momentos com amigos e família, maratonas de séries e passeios com o cachorro. Isso é essencial para a sua saúde mental!
Essas foram algumas dicas para que você consiga se adaptar ao contexto universitário. Porém, alguns desses comportamentos são complexos, o que significa que às vezes precisamos desenvolver alguns comportamentos mais básicos para conseguir chegarmos neles! A adaptação é um processo, e você não precisa passar por isso sozinho. Converse sempre com seus veteranos, professores, ou com alguém que esteja habituado a esse ambiente e que pode ter dicas valiosas para te dar. Caso isso não seja suficiente, não hesite em buscar ajuda profissional. Bons estudos e uma ótima adaptação a todos!

Sahão, F. T. (2019). Saúde mental do estudante universitário: comportamentos que favorecem a adaptação. (Dissertação de Mestrado). Universidade Estadual de Londrina. Recuperado de http://www.uel.br/pos/pgac/wp-content/uploads/2019/08/Saude-mental-do-estudante-universitario-comportamentos-que-favorecem-a-adaptacao-ao-ensino-superior.pdf

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